Desde segunda-feira, o valor do yuan foi liberado para subir e descer pelo Banco do Povo da China. O câmbio estava fixo no país desde 2008, como resposta à crise internacional.
Como vimos aqui, a China era acusada de manter o yuan excessivamente desvalorizado em relação às outras moedas. Com isso, conseguia manter exportações atraentes para o resto do mundo.
Em contrapartida, a moeda fraca tornava produtos estrangeiros muito caros para os chineses. Diante da concorrência desleal dos produtos vindos da China em suas economias e da impossibilidade de ingressar em um mercado tão promissor, o mundo protestou.
Os limites para a flutuação não estão claros. É certo que a China tem como controlá-la. O país é campeão em acúmulo de reservas e pode responder a uma enxurrada de dólares comprando a divisa e impedindo a rápida valorização do yuan.
Permitir a valorização da moeda, entretanto, também tem um atrativo para os chineses no momento: a economia cresce muito e a inflação passa a ser uma ameaça. Se os importados entrarem mais baratos no país, é possível que concorram com a produção local, contendo os preços.
O fato é que, ao relaxar a política, a China conseguiu desviar o foco da próxima reunião do G-20 (grupo que reúne a União Europeia e 19 das maiores economias mundiais), marcada para este fim de semana.
Na verdade o atrativo não são as importações baratas pois existem outras políticas mais eficientes que o controle do câmbio (taxas de importação mais baixas para produtos com menor valor agregado, por exemplo, e o controle de crédito e preços na China é feito diretamente pelo governo). A jogada é simplesmente política mesmo. Se algum leigo quiser entender um pouco, leia sobre Bretton Woods e sobre a velha estratégia de “fazer seu vizinho mais pobre” ou “beggar-thy-neighbor”.