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Posts Tagged ‘como pechinchar na Turquia’

“Em liras, euros ou dólares?” – é a resposta dos vendedores turcos quando são questionados sobre o preço de algum produto. No país, que respira comércio, as três moedas são aceitas para comprar desde os famosos tapetes até balas em qualquer banca de jornais.

Para vender, os comerciantes desdobram-se: tentam adivinhar o país dos passantes (e muitas vezes acertam!), servem chá e raki, bebida alcólica local com sabor de anis. A maioria se vira muito bem em espanhol e, alguns, na tentativa de agradar, ensaiam até o português.

O primeiro preço é sempre fictício. Diga que não e vire as costas que ouvirá a pergunta: quanto você paga? Ofereça bem menos e escute uma ladainha sobre a qualidade dos produtos feitos à mão, com o jargão “more work, more money”. Por fim, chegue a um valor bem melhor. Desista da compra e ouça o preço cair exponencialmente à medida que se afasta da loja.

Pechinchar é um ato cotidiano na Turquia. No Grand Bazaar, em Istambul, é preciso aprender a conviver com essa prática para levar tapetes, almofadas, lanternas, jóias, doces e especiarias a preços bastante razoáveis. Se tiver sorte, o turista ainda carrega alguns adereços com a figura do “olho de Alá” de brinde.

Ao longo de uma semana na Turquia, confesso que um pouco irritada com a insistência dos vendedores e a impossibilidade de comprar algo sem ter que negociar, comecei a refletir sobre a racionalidade de tal prática.

Há um conceito de economia que faz os turcos parecerem muito inteligentes: o de excedente do consumidor, a diferença entre o que você está disposto a pagar e o quanto paga por um produto. Suponha que quer pagar, no máximo, 300 reais por um tapete. Se ele custar 200 reais, você levará o produto para casa e terá um excedente de 100 reais.

Quando isso acontece, o vendedor deixa de ganhar 100 reais que estariam garantidos, certo? Ao negociar o preço, os comerciantes turcos tentam chegar exatamente ao valor que você pretende pagar, no caso, 300 reais. Se este valor paga o serviço deles, bom, se garante um extra significativo, ótimo.

Resultado: cada consumidor vai para casa achando que pagou o preço justo, enquanto o vendedor pode ter lucrado mais do que merecia.

Por fim, para quem pretende conhecer esse país fascinante, algumas dicas: uma semana é pouco, a lira turca e o euro têm circulação mais fácil, moedinhas de euro e dólar são desprezadas e dizer que é brasileiro e discutir futebol pode garantir uma redução adicional nos preços!

O blog está de volta depois de um tempinho fora do ar. Vejo que muitos passearam por aqui durante esse período. Vamos voltar a interagir? Para fazer perguntas ou sugerir temas, clique aqui!

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